Em setembro de 2015, foi publicado o livro "Bala Perdida", do militar da GNR Hugo Ernano, que em 2008 matou acidentalmente uma criança de 13 anos, numa perseguição policial a um assaltante que tinha levado o próprio filho consigo para o assalto. O prefácio foi escrito pelo ex-ministro da Administração Interna, Rui Pereira, que, na altura dos acontecimentos, era o ministro da Administração Interna em exercicio.
De forma simples mas assertiva, "Bala Perdida" relata-nos toda uma história ainda sem desfecho legal neste momento. Em outubro de 2013, o Tribunal de Loures condenou o Hugo a nove anos de prisão e a indemnizar em 80 mil euros os pais da criança. Foi a pena mais longa decretada a um elemento das forças de segurança em Portugal.
Mas a defesa recorreu, e o Tribunal da Relação de Lisboa reduziu a pena para quatro anos de prisão mas com pena suspensa, e ainda reduziu consideravelmente a indemnização para 45 mil euros. Todavia, a acusação, não contente com o valor da indemnização, recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça, que manteve a pena suspensa mas aumentou a indemnização para 50 mil euros.
Em Portugal, foram esgotados todos os recursos possíveis; por isso, ele irá recorrer agora para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. E o livro, foi também uma forma de angariar fundos para ajudar o militar a recorrer ao Tribunal Europeu, pois parte dos ganhos das vendas do livro revertem para o militar.
O caso insólito
Foi numa última tentativa de parar uma carrinha Ford Transit, que transportava no seu interior os assaltantes de uma vacaria, em Santo Antão do Tojal, no concelho de Loures, que Hugo Ernano resolveu apontar aos pneus do veículo. Quando disparou para o pneu direito, um solavanco na estrada fez a bala atingir a parte traseira da carrinha.
E apenas quando os assaltantes finalmente pararam é que o militar da GNR, e os colegas, perceberam que uma criança se encontrava escondida na parte de trás da carrinha. O menor tinha sido atingido acidentalmente e acabou por não sobreviver.
É importante relembrar que Hugo Ernano seguiu escrupulosamente todo o protocolo de segurança, a que ele está obrigado para o uso das armas de fogo. Os militares em questão, e inclusivé o Hugo Ernano, desconheciam por completo que na viatura em fuga, ia um menor de 13 anos, pois como os vidros estavam escuros, era impossível verem o interior.
Todas as manifestações públicas de apoio que Hugo Ernano recebeu estão descritas ao pormenor no prefácio da obra, da autoria do ex-ministro da AdministraçãoInterna, Rui Pereira.